Shutdown é uma expressão bastante conhecida entre pessoas autistas e profissionais da área. O termo vem da informática e, traduzido para o português, significa algo como “desligar o sistema”. Em um episódio de shutdown, o indivíduo pode parecer distante, apresentar reações lentas e ter maior dificuldade de se comunicar.

É como se a pessoa “desligasse” por um tempo, em um momento em que o excesso cognitivo ou sensorial se torna inadministrável. Nessas circunstâncias, não é raro que a pessoa autista busque o isolamento como uma forma de se proteger.

Causas e gatilhos do shutdown

Normalmente, o shutdown acontece por acúmulo de estímulos, estresse ou exigências emocionais. Embora possa haver um gatilho específico que desencadeie o episódio, a sobrecarga costuma ser gradual e se acumula ao longo de dias. O cérebro, sobrecarregado, responde com um “desligamento” parcial para preservar-se.

Embora o shutdown seja menos visível que o meltdown, ele pode ser igualmente desafiador. Muitas vezes, familiares, educadores ou colegas interpretam esse comportamento como desinteresse ou falta de vontade, quando na verdade se trata de um mecanismo neurológico de proteção.

Como identificar shutdown em pessoas autistas?

Os sinais de um shutdown incluem:

Reconhecer esses sinais é fundamental para oferecer suporte adequado e evitar julgamentos errôneos.

Qual a diferença entre shutdown e meltdown?

Apesar de ambos estarem ligados à sobrecarga sensorial ou emocional, shutdown e meltdown se manifestam de formas opostas. O meltdown é uma reação explosiva — gritos, choros, movimentos bruscos — visivelmente intensa. Já o shutdown é uma resposta mais silenciosa e interna: a pessoa se retrai, congela ou aparenta estar “desligada”.

Enquanto o meltdown envolve uma liberação intensa de energia, o shutdown é uma espécie de colapso interno. No manejo, é essencial respeitar essas diferenças. Um ambiente calmo e previsível pode ajudar a prevenir ambos, mas durante um shutdown, o ideal é garantir silêncio, segurança e tempo de recuperação.

Como a terapia ABA pode ajudar

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) pode ser uma ferramenta útil para compreender os padrões que levam a episódios de shutdown. Por meio da observação sistemática e da análise funcional do comportamento, é possível identificar sinais precursores, gatilhos e estratégias de prevenção — sempre respeitando os limites e necessidades individuais da pessoa autista.

Mais importante que qualquer técnica, porém, é promover empatia, escuta ativa e um ambiente sensorialmente adequado, seja em casa, na escola ou em clínicas.

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